III
– Confissões de Fé do Século XX
3.1.
Assembleias de Deus (1916)
Uma
denominação bastante presente no Brasil, representante do
tradicional pentecostalismo, é a “Assembleia de Deus”.
Sobre
a sua história, o sítio virtual da Casa Publicadora das Assembleias
de Deus (CPAD) conta:
A
origem das Assembleias de Deus no Brasil está no fogo do
reavivamento que varreu o mundo por volta de 1900, início do Século
XX, especialmente na América do Norte. Os participantes desse
reavivamento foram cheios do Espírito Santo da mesma forma que os
discípulos e os seguidores de Jesus durante a Festa Judaica do
Pentecostes, no início da Igreja Primitiva, conforme está escrito
em Atos 2. Assim, eles foram chamados de “pentecostais”.
Exatamente
como os crentes que estavam no Cenáculo, os precursores do
reavivamento do Século XX falaram em outras línguas que não as
suas originais quando receberam o batismo no Espírito Santo. Outras
manifestações sobrenaturais tais como profecia, interpretação de
línguas, conversões e curas também aconteceram.
Quando
Daniel Berg e Gunnar Vingren chegaram a Belém do Pará, em 19 de
novembro de 1910, ninguém poderia imaginar que aqueles dois jovens
suecos estavam para iniciar um movimento que alteraria profundamente
o perfil religioso e até social do Brasil por meio da pregação de
Jesus Cristo como o único e suficiente Salvador da Humanidade e a
atualidade do Batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais. As
igrejas existentes na época – Batista de Belém do Pará,
Presbiteriana, Anglicana e Metodista - ficaram bastante incomodadas
com a nova doutrina dos missionários, principalmente por causa de
alguns irmãos que se mostravam abertos ao ensino pentecostal. A irmã
Celina de Albuquerque, na madrugada do dia 18 de junho de 1911, foi a
primeira crente a receber o batismo no Espírito Santo, o que não
demorou a ocorrer também com outros irmãos.
O
clima ficou tenso naquela comunidade, pois um número cada vez maior
de membros curiosos visitava a residência de Berg e Vingren, onde
realizavam reuniões de oração. Resultado: eles e mais dezenove
irmãos acabaram sendo desligados da Igreja Batista. Convictos e
resolvidos a se organizar, fundaram a Missão de Fé Apostólica em
18 de junho de 1911, que mais tarde, em 1918, ficou conhecida como
Assembleia de Deus.
Em
poucas décadas, a Assembleia de Deus, a partir de Belém do Pará,
onde nasceu, começou a penetrar em todas as vilas e cidades até
alcançar os grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro,
Belo Horizonte e Porto Alegre.
Em
virtude de seu fenomenal crescimento, os pentecostais começaram a
fazer diferença no cenário religioso brasileiro. De repente, o
clero católico despertou para uma possibilidade jamais imaginada: o
Brasil poderia vir a tornar-se, no futuro, uma nação protestante.
“A
origem das Assembleias de Deus no Brasil”,
disponível no endereço eletrônico
http://www.editoracpad.com.br/assembleia/historia.php?i=2.
As
Assembleias de Deus possuem uma declaração de fé elaborada pelo
Conselho Geral das Assembleias de Deus (The
General Council of the Assemblies of God),
nos Estados Unidos, em 1916.
O
texto em espanhol obtido no sítio virtual diz:
Declaração de Verdades
Fundamentais
Desde o princípio, os líderes
das Assembleias de Deus viram a necessidade de determinar algumas
normas fundamentais. As dezesseis normas doutrinais que temos hoje
são essencialmente as mesmas Verdades Fundamentais que se foram
estabelecidas em 1916.
Tradução livre do texto em
espanhol disponível em
http://ag.org/top_spn/Beliefs/Our_Fundamental_Truths.cfm.
A
Declaração inicia assim:
Nossa Declaração de Fé - As
16 Verdades Fundamentais
A Bíblia é a nossa regra
completa e suficiente para fé e prática. Esta Declaração de
Verdades Fundamentais tem o simples intuito de uma base de comunhão
entre nós (isto é, que todos digamos a mesma coisa, 1Co 1.10; At
2.42). A fraseologia empregada nesta declaração, não é inspirada,
nem reivindica tal. Mas a verdade exposta é considerada essencial
para o ministério do Evangelho Pleno. Nenhuma reivindicação é
feita de que ela contenha toda a verdade bíblica, somente que atende
as nossas necessidades no tocante às doutrinas fundamentais.
Disponível em
http://www.igrejavida.org/cremos.htm,
onde conta que foi “Traduzido e adaptado de Statement of
Fundamental Truths - The General Council of the Assemblies of God: 16
Fundamental Truths (www.ag.org)”.
No
original:
Assemblies Of God Statement Of
Fundamental Truths
The Bible
is our all-sufficient rule for faith and practice. This Statement of
Fundamental Truths is intended simply as a basis of fellowship among
us (i.e., that we all speak the same thing, 1 Corinthians 1:10; Acts
2:42). The phraseology employed in this Statement is not inspired nor
contended for, but the truth set forth is held to be essential to a
full-gospel ministry. No claim is made that it covers all
Biblical truth, only that it covers our need as to these
fundamental doctrines.
Disponível no endereço
eletrônico
http://ag.org/top/Beliefs/Statement_of_Fundamental_Truths/sft_full.cfm.
Muito
interessante uma cláusula no final do documento que diz:
A Declaração de Verdades
Fundamentais é a delineação oficial das 16 doutrinas das
Assembleias de Deus. Estas verdades são crenças não negociáveis a
que todas as igrejas Assembleias de Deus aderem.
The General Council of the
Assemblies of God, "Statement of Fundamental Truths",
disponível no endereço eletrônico
http://ag.org/top/Beliefs/Statement_of_Fundamental_Truths/sft.pdf,
tradução livre do texto em inglês.
Portanto,
além de proclamar o Sola
Scriptura
(“A
Bíblia é a nossa regra completa e suficiente para fé e prática”),
e embora afirme que a “fraseologia
empregada nesta declaração, não é inspirada, nem reivindica tal”,
resta declarado que trata-se de “crenças
não negociáveis a que todas as igrejas Assembleias de Deus
aderem”.
Ora,
se são crenças não negociáveis, todas as igrejas Assembleias de
Deus não só a elas aderem mas têm necessariamente de aderir ou
estarão fora da comunhão das Assembleias de Deus. Entretanto, se somente a Bíblia é a “regra
completa e suficiente para fé e prática” não cabe o acréscimo de uma declaração de fé inegociável...
Novamente,
o Sola
Scriptura
presta-se a romper com a tradição e o magistério alheios, quer
católicos quer de outros protestantes, mas apenas para a adoção de
outras tradições e magistério, que não deixam de ser impostos como condição para a comunhão na congregação.
Continua...
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