segunda-feira, 4 de maio de 2015

EXPRESSÕES DO SOLA SCRIPTURA - CONFISSÕES DE FÉ DO SÉCULO XX - ASSEMBLEIAS DE DEUS

III – Confissões de Fé do Século XX

3.1. Assembleias de Deus (1916)

Uma denominação bastante presente no Brasil, representante do tradicional pentecostalismo, é a “Assembleia de Deus”.

Sobre a sua história, o sítio virtual da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD) conta:

A origem das Assembleias de Deus no Brasil está no fogo do reavivamento que varreu o mundo por volta de 1900, início do Século XX, especialmente na América do Norte. Os participantes desse reavivamento foram cheios do Espírito Santo da mesma forma que os discípulos e os seguidores de Jesus durante a Festa Judaica do Pentecostes, no início da Igreja Primitiva, conforme está escrito em Atos 2. Assim, eles foram chamados de “pentecostais”.
Exatamente como os crentes que estavam no Cenáculo, os precursores do reavivamento do Século XX falaram em outras línguas que não as suas originais quando receberam o batismo no Espírito Santo. Outras manifestações sobrenaturais tais como profecia, interpretação de línguas, conversões e curas também aconteceram.
Quando Daniel Berg e Gunnar Vingren chegaram a Belém do Pará, em 19 de novembro de 1910, ninguém poderia imaginar que aqueles dois jovens suecos estavam para iniciar um movimento que alteraria profundamente o perfil religioso e até social do Brasil por meio da pregação de Jesus Cristo como o único e suficiente Salvador da Humanidade e a atualidade do Batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais. As igrejas existentes na época – Batista de Belém do Pará, Presbiteriana, Anglicana e Metodista - ficaram bastante incomodadas com a nova doutrina dos missionários, principalmente por causa de alguns irmãos que se mostravam abertos ao ensino pentecostal. A irmã Celina de Albuquerque, na madrugada do dia 18 de junho de 1911, foi a primeira crente a receber o batismo no Espírito Santo, o que não demorou a ocorrer também com outros irmãos.
O clima ficou tenso naquela comunidade, pois um número cada vez maior de membros curiosos visitava a residência de Berg e Vingren, onde realizavam reuniões de oração. Resultado: eles e mais dezenove irmãos acabaram sendo desligados da Igreja Batista. Convictos e resolvidos a se organizar, fundaram a Missão de Fé Apostólica em 18 de junho de 1911, que mais tarde, em 1918, ficou conhecida como Assembleia de Deus.
Em poucas décadas, a Assembleia de Deus, a partir de Belém do Pará, onde nasceu, começou a penetrar em todas as vilas e cidades até alcançar os grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre.
Em virtude de seu fenomenal crescimento, os pentecostais começaram a fazer diferença no cenário religioso brasileiro. De repente, o clero católico despertou para uma possibilidade jamais imaginada: o Brasil poderia vir a tornar-se, no futuro, uma nação protestante.
A origem das Assembleias de Deus no Brasil”, disponível no endereço eletrônico http://www.editoracpad.com.br/assembleia/historia.php?i=2.

As Assembleias de Deus possuem uma declaração de fé elaborada pelo Conselho Geral das Assembleias de Deus (The General Council of the Assemblies of God), nos Estados Unidos, em 1916.

O texto em espanhol obtido no sítio virtual diz:

Declaração de Verdades Fundamentais
Desde o princípio, os líderes das Assembleias de Deus viram a necessidade de determinar algumas normas fundamentais. As dezesseis normas doutrinais que temos hoje são essencialmente as mesmas Verdades Fundamentais que se foram estabelecidas em 1916.
Tradução livre do texto em espanhol disponível em http://ag.org/top_spn/Beliefs/Our_Fundamental_Truths.cfm.

A Declaração inicia assim:

Nossa Declaração de Fé - As 16 Verdades Fundamentais
A Bíblia é a nossa regra completa e suficiente para fé e prática. Esta Declaração de Verdades Fundamentais tem o simples intuito de uma base de comunhão entre nós (isto é, que todos digamos a mesma coisa, 1Co 1.10; At 2.42). A fraseologia empregada nesta declaração, não é inspirada, nem reivindica tal. Mas a verdade exposta é considerada essencial para o ministério do Evangelho Pleno. Nenhuma reivindicação é feita de que ela contenha toda a verdade bíblica, somente que atende as nossas necessidades no tocante às doutrinas fundamentais.
Disponível em http://www.igrejavida.org/cremos.htm, onde conta que foi “Traduzido e adaptado de Statement of Fundamental Truths - The General Council of the Assemblies of God: 16 Fundamental Truths (www.ag.org)”.

No original:

Assemblies Of God Statement Of Fundamental Truths
The Bible is our all-sufficient rule for faith and practice. This Statement of Fundamental Truths is intended simply as a basis of fellowship among us (i.e., that we all speak the same thing, 1 Corinthians 1:10; Acts 2:42). The phraseology employed in this Statement is not inspired nor contended for, but the truth set forth is held to be essential to a full-gospel ministry. No claim is made that it covers all Biblical truth, only that it covers our need as to these fundamental doctrines.

Muito interessante uma cláusula no final do documento que diz:

A Declaração de Verdades Fundamentais é a delineação oficial das 16 doutrinas das Assembleias de Deus. Estas verdades são crenças não negociáveis a que todas as igrejas Assembleias de Deus aderem.
The General Council of the Assemblies of God, "Statement of Fundamental Truths", disponível no endereço eletrônico http://ag.org/top/Beliefs/Statement_of_Fundamental_Truths/sft.pdf, tradução livre do texto em inglês.

Portanto, além de proclamar o Sola Scriptura (“A Bíblia é a nossa regra completa e suficiente para fé e prática”), e embora afirme que a “fraseologia empregada nesta declaração, não é inspirada, nem reivindica tal”, resta declarado que trata-se de “crenças não negociáveis a que todas as igrejas Assembleias de Deus aderem”.

Ora, se são crenças não negociáveis, todas as igrejas Assembleias de Deus não só a elas aderem mas têm necessariamente de aderir ou estarão fora da comunhão das Assembleias de Deus. Entretanto, se somente a Bíblia é a “regra completa e suficiente para fé e prática” não cabe o acréscimo de uma declaração de fé inegociável...

Novamente, o Sola Scriptura presta-se a romper com a tradição e o magistério alheios, quer católicos quer de outros protestantes, mas apenas para a adoção de outras tradições e magistério, que não deixam de ser impostos como condição para a comunhão na congregação.


Continua...

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