II
– Confissões e Declarações de Fé dos inícios do Protestantismo
A
partir da ruptura de Lutero, diversos outros "reformadores"
entraram em cena e produziram suas próprias teses e doutrinas
contrárias à Igreja Católica Apostólica Romana.
Essas
doutrinas, então, passaram a erguer congregações (seitas,
denominações). E estas passaram a redigir confissões ou
declarações de sua fé, a fim de diferenciarem-se da Tradição
Católica e, à medida que esse movimento se expandia, das outras
congregações protestantes.
Muitas
dessas confissões ou declarações expõem o que a congregação
entende como sendo o Sola
Scriptura
para seus fiéis.
Vejamos
algumas das principais.
2.1.
A primeira declaração de fé protestante: os 67 artigos de Ulrico
Zuínglio (1523)
Alderi
S. Matos, em artigo no sítio virtual do Instituto Presbiteriano
Mackenzie, esclarece:
Os 67 Artigos de Zuínglio são
considerados não somente a primeira confissão reformada, mas a
primeira confissão protestante. Ao contrário das 95 Teses de
Lutero, eles não só abordaram um vasto conjunto de doutrinas e
práticas, mas deram considerável atenção a alguns princípios
basilares do novo movimento protestante. Seu autor, Ulrico Zuínglio
(1484-1531), o fundador da tradição reformada, começou a ser
impactado pela Bíblia a partir de 1516, quando pároco em
Einsiedeln. Ao tornar-se o sacerdote da principal igreja de Zurique,
em 1519, seus sermões e preleções alicerçados no Novo Testamento
assumiram um crescente tom reformista. O contexto dos 67 Artigos foi
a Primeira Disputa de Zurique, em 29 de janeiro de 1523, convocada
pelo conselho municipal para resolver a controvérsia religiosa que
havia surgido na cidade. O conselho aprovou as proposições de
Zuínglio e determinou que os ministros daquele cantão pregassem
somente o que tinha apoio nas Escrituras. Esse foi o marco inicial da
Reforma Suíça.
“Os
67 artigos de Ulrico Zuínglio (1523)”,
endereço eletrônico, http://www.mackenzie.br/7043.html.
Os
Artigos começam com a seguinte declaração, que ressoa a resposta
de Lutero em Worms dois anos antes:
Eu, Hulrich Zwingli, confesso
ter pregado na nobilíssima cidade de Zurique os artigos e conclusões
que passarei a expor. Encontram-se baseados na Sagrada Escritura,
a “theopneustos”, ou seja, a [palavra] inspirada por Deus.
Ofereço-me para defender estes artigos, e estou disposto a ser
ensinado, caso não tenha compreendido corretamente a Sagrada
Escritura; mas, qualquer correção que me faça permanecer
fundamentado somente na Sagrada Escritura.
“Os artigos com as 67
Conclusões de Ulrich Zwingli”, tradução e notas de Ewerton
B. Tokashiki,
http://www.academia.edu/2419171/As_67_Conclusões_de_Ulrich_Zwingli,
sem destaques no original.
Merecem
destaque, em relação ao Sola
Scriptura,
os seguintes artigos:
1. Todos os que dizem que nada
vale o Evangelho se não é confirmado pela Igreja, erram e ofendem a
Deus.
4. Erra qualquer um que
busque, ou indique outra porta. De fato, é um assassino das almas, e
também um ladrão.
5. Consequentemente, todos
quantos ensinam falsas doutrinas dizendo que são iguais ao
Evangelho, ou que valem mais do que este, também erram. Eles ignoram
o que é o Evangelho.
Nesta
declaração, vemos que “o
fundador da tradição reformada”,
antes mesmo de apresentar suas teses, afirma basear-se exclusivamente
na Escritura, admitindo discuti-las exclusivamente com base na
Escritura. No primeiro artigo de sua declaração, Zuínglio afirma a
auto-autenticação do Evangelho, uma rejeição da afirmação de
que o Cânon Bíblico requer a Autoridade ou a Tradição da Igreja.
Aparentemente os artigos 4 e 5 condenam essa mesma Tradição e esse
mesmo Magistério eclesiásticos.
Continua...
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