quarta-feira, 22 de abril de 2015

EXPRESSÕES DO SOLA SCRIPTURA - PRIMEIRA CONFISSÃO DE FÉ REFORMADA - 67 ARTIGOS DE ZUÍNGLIO

II – Confissões e Declarações de Fé dos inícios do Protestantismo

A partir da ruptura de Lutero, diversos outros "reformadores" entraram em cena e produziram suas próprias teses e doutrinas contrárias à Igreja Católica Apostólica Romana.

Essas doutrinas, então, passaram a erguer congregações (seitas, denominações). E estas passaram a redigir confissões ou declarações de sua fé, a fim de diferenciarem-se da Tradição Católica e, à medida que esse movimento se expandia, das outras congregações protestantes.

Muitas dessas confissões ou declarações expõem o que a congregação entende como sendo o Sola Scriptura para seus fiéis.

Vejamos algumas das principais.

2.1. A primeira declaração de fé protestante: os 67 artigos de Ulrico Zuínglio (1523)

Alderi S. Matos, em artigo no sítio virtual do Instituto Presbiteriano Mackenzie, esclarece:

Os 67 Artigos de Zuínglio são considerados não somente a primeira confissão reformada, mas a primeira confissão protestante. Ao contrário das 95 Teses de Lutero, eles não só abordaram um vasto conjunto de doutrinas e práticas, mas deram considerável atenção a alguns princípios basilares do novo movimento protestante. Seu autor, Ulrico Zuínglio (1484-1531), o fundador da tradição reformada, começou a ser impactado pela Bíblia a partir de 1516, quando pároco em Einsiedeln. Ao tornar-se o sacerdote da principal igreja de Zurique, em 1519, seus sermões e preleções alicerçados no Novo Testamento assumiram um crescente tom reformista. O contexto dos 67 Artigos foi a Primeira Disputa de Zurique, em 29 de janeiro de 1523, convocada pelo conselho municipal para resolver a controvérsia religiosa que havia surgido na cidade. O conselho aprovou as proposições de Zuínglio e determinou que os ministros daquele cantão pregassem somente o que tinha apoio nas Escrituras. Esse foi o marco inicial da Reforma Suíça.
Os 67 artigos de Ulrico Zuínglio (1523)”, endereço eletrônico, http://www.mackenzie.br/7043.html.

Os Artigos começam com a seguinte declaração, que ressoa a resposta de Lutero em Worms dois anos antes:

Eu, Hulrich Zwingli, confesso ter pregado na nobilíssima cidade de Zurique os artigos e conclusões que passarei a expor. Encontram-se baseados na Sagrada Escritura, a “theopneustos”, ou seja, a [palavra] inspirada por Deus. Ofereço-me para defender estes artigos, e estou disposto a ser ensinado, caso não tenha compreendido corretamente a Sagrada Escritura; mas, qualquer correção que me faça permanecer fundamentado somente na Sagrada Escritura.
Os artigos com as 67 Conclusões de Ulrich Zwingli”, tradução e notas de Ewerton B. Tokashiki, http://www.academia.edu/2419171/As_67_Conclusões_de_Ulrich_Zwingli, sem destaques no original.

Merecem destaque, em relação ao Sola Scriptura, os seguintes artigos:

1. Todos os que dizem que nada vale o Evangelho se não é confirmado pela Igreja, erram e ofendem a Deus.
4. Erra qualquer um que busque, ou indique outra porta. De fato, é um assassino das almas, e também um ladrão.
5. Consequentemente, todos quantos ensinam falsas doutrinas dizendo que são iguais ao Evangelho, ou que valem mais do que este, também erram. Eles ignoram o que é o Evangelho.

Nesta declaração, vemos que “o fundador da tradição reformada”, antes mesmo de apresentar suas teses, afirma basear-se exclusivamente na Escritura, admitindo discuti-las exclusivamente com base na Escritura. No primeiro artigo de sua declaração, Zuínglio afirma a auto-autenticação do Evangelho, uma rejeição da afirmação de que o Cânon Bíblico requer a Autoridade ou a Tradição da Igreja. Aparentemente os artigos 4 e 5 condenam essa mesma Tradição e esse mesmo Magistério eclesiásticos.



Continua...

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